É possível tratar o cancro sem destruir as células T?
Tempo estimado de leitura: 2 minutos
Uma equipa de investigadores desenvolveu uma abordagem inovadora e única no tratamento de linfomas de células T que apenas actua sobre as células T anormais, sem destruir as células T saudáveis.
O novo tratamento foi desenvolvido em parceria entre investigadores da Universidade de Cardiff, País de Gales, e a empresa farmacêutica Autolus Ltd. e é muito promissor para os pacientes com aquela família de tipos agressivos de cancro.
Os linfomas desenvolvem-se quando os linfócitos (células imunitárias) se tornam cancerígenos.
Os linfócitos dividem-se em dois tipos: células B e células T. O linfoma de células B é actualmente curável devido a avanços recentes como a imunoterapia. O linfoma de células T é mais raro, mas normalmente agressivo e não possui muitas abordagens terapêuticas até à data.
Conseguir descobrir uma forma de eliminar as células T anormais e proteger as saudáveis, as quais são fulcrais para oferecer protecção contra as infecções, tem sido um desafio muito importante para os investigadores.
As células T identificam e eliminam germes através do receptor de células T, uma molécula à superfície das células. Este receptor é produzido através de uma de duas cópias duplicadas aleatoriamente do gene do receptor de células T, conhecido como C1 ou C2.
Como resultado, as células T usadas na luta contra os vírus e outros germes são uma mistura quase igual de células que usam genes C1 ou C2. Quando uma célula T se torna cancerígena todo o cancro advém de uma única célula, sendo que o cancro é C1 ou C2.
Neste estudo, os investigadores conseguiram desenvolver uma forma de eliminarem as células T com base no facto de usarem o gene C1 ou C2. Foi assim demonstrado que ao actuar sobre o gene C-1, as células T conseguem exterminar os cancros C1, sem prejudicar as células T C-2, as quais podem assim lidar com as infecções.
“Os linfomas com células T são particularmente difíceis de tratar sem prejudicar as células T saudáveis essenciais que são vitais para o sistema imunitário. Esta nova e inovadora abordagem que a Autolus desenvolveu agora oferece o potencial de remover todas as células cancerígenas sem causar danos a metade das nossas células T”, comentou Andrew Sewell da Faculdade de Medicina da Universidade de Cardiff.
Estudo publicado na “Nature Medicine”