Já me disseram que eu era bipolar.
(Risos, parabéns pelo diagnóstico)
Sabem lá eles a loucura que vai aqui dentro.
Cores que explodem no meu cérebro,
gatos selvagens a correr.
Não, não é para todos compreenderem.
Todos somos loucos,
Uns escondem, outros disfarçam.
(mas no melhor pano cai sempre uma nódoa, não é curioso?)
E quando menos se espera, os anjos viram lobos.
Ou será que sempre foram?
O mundo inteiro treme por baixo das máscaras,
rios de palavras, vozes que ninguém ouve,
e ainda assim sorriem, achando que estão inteiros.
Que são melhores.
(Tão ingénuos…)
Dizem-me que tenho problemas mentais,
mas eu só percebo o ar a tremer,
as paredes a sussurrar segredos aos meus ombros,
os relógios a vomitar horas que ninguém sente.
Tenho uma boa dose de loucura, sim.
E adoro cada grama dela.
(E eles nem imaginam o que perdem.)
Um ligeiro descontrolo é um luxo:
é fogo que mantém o sangue vivo,
uma batida no peito que lembra que estamos vivos.
Temo é aqueles que nunca fizeram nada de errado.
Pelo menos à superfície…
há por aí tantos portos com madeiras podres
onde barcos criminosos atracam, com sorrisos no rosto.
Perigoso é ser normal,
a loucura é a única forma de tocar o impossível,
e rir sozinho à meia-noite, falar com as sombras,
sentir o chão fugir sob os pés,
isso é vida, brutal, crua, verdadeira.
(E como sou louco: que se fodam os que me julgam).
