Uma gabardina verde num tom desbotado, conta histórias de dias já vividos, agitando-se suavemente com o sopro do vento. Os vincos da gabardina são linhas do tempo. Testemunhas de um longo caminho que transcende várias gerações.
De baixo desta gabardina, existe o rosto de um velho com rugas marcadas pela passagem impiedosa dos anos. Os seus olhos, cansados, guardam segredos que só o tempo pode revelar. É um eco de vidas passadas, um poema sussurrado pelo vendo que carrega consigo o peso da saudade e das alegrias perdidas.
O velho de gabardina verde caminha pela rua perdido nos seus pensamentos, como se estivesse a tentar decifrar os enigmas da sua própria existência. O seu silêncio é verdadeiramente ensurdecedor, que grita palavras que nunca foram ditas e sentimentos que foram guardados nos lugares mais profundos da sua alma. Um verdadeiro murro no estômago.
As pessoas, indiferentes a este velho homem, não conseguem notar esta névoa de tristeza que paira no ar. A gabardina verde, um símbolo da sua vitalidade no passado, agora é o seu escudo frágil contra as tempestades emocionais. Aquele verde desbotado transmite a fragilidade das suas emoções, desvanecidas pelo avançar do tempo. Cada passo é dado com a resignação de um homem que carrega o peso do seu passado e um futuro deserto.
Ele deambula pelas ruas à espera que, por um instante, alguém cruze os seu olhar com o dele, que mergulhe na profundidade da sua alma. Ele anseia por alguém que tenha a sensibilidade de ver o que está além da superfície, e que possa decifrar o código deste grandioso mistério que o envolve.
Mas à medida que o sol de põe, pintando o céu com tons de laranja, o velho continua a deambular pelas ruas, como se a resposta para o seu enigma estivesse prestes a se revelar nas sombras das noite. E, assim, o velho de gabardina verde continua a aguardar por aquele instante mágico em que um ilhar se cruzará com o dele, sob o luar intenso da noite.