Nos dias em que a tristeza se torna uma sombra que nos agarra, e o nosso coração se afunda num abismo de desespero, percebemos que chegámos ao fundo do nosso poço emocional. Sentimos o peso do mundo nos nossos ombros, onde cada respiração é uma luta contra as nossas correntes que nos envolvem por completo.
A solidão, neste abismo escuro e frio é sufocante. Cada um dos nossos pensamentos mais negros faz eco nas paredes invisíveis, amplificando uma sensação de isolamento. As lágrimas, testemunhas de uma dor que parece não ter fim, traçam dolorosos caminhos no nosso rosto.
As lembranças mais dolorosas vêm à tona, como fantasmas do passado que insistem em nos assombrar. Cada pensamento e cada lembrança são um espinho que nos fere mais fundo numa alma já despedaçada. E a esperança, uma chama bastante frágil, começa a se apagar, deixando-nos numa escuridão implacável.
Lá fora, o mundo parece cada vez mais distante. Cada pessoa a caminhar no seu próprio tempo, como se não existisse mais nada à sua volta. As cores perdem a sua vivacidade, e os sons são abafados por uma triste melodia que ouvimos no fundo da nossa mente. Até a luz do dia é filtrada por nuvens pesadas, transformando o mais simples raio de sol numa lembrança distante de outros tempos mais felizes.
Do fundo do poço, o caminho para a superfície é uma escalada íngreme e bastante solitária. É como se tivéssemos uma capa com poder da invisibilidade. Os nossos gritos de socorro são abafados pela agitação do mundo exterior. Os amigos que antes eram os nossos pilares tornam-se distantes, incapazes de ver além da máscara que usamos para esconder a escuridão que nos consome por dentro.
Cada passo até ao topo é uma batalha contra a gravidade, contra as sombras que nos tentam arrastar para um abismo mais fundo. É difícil imaginarmos que iremos ver o sol brilhar novamente, e que a alegria será mais do que uma memória distante.
À medida que enfrentamos a escuridão sem fim, resta-nos apenas a sombra da dúvida se a superfície é um destino possível de alcançarmos ou se estamos destinados a vagar indefinidamente nas profundezas do nosso próprio desespero.