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Hipnose – terapia ou charlatanismo?

Photo by Rene Asmussen from Pexels

Tempo estimado de leitura: 5 minutos

A hipnose tem andado na linha entre charlatanismo e terapia desde o século XVIII, mas recentemente tem vindo a ganhar força como tratamento alternativo para muitos distúrbios.

O termo “hipnose” é derivado da palavra grega para “sono” (“hypnos“).

Os estudos sugerem que foi cunhada pela primeira vez no início do século 19 por Étienne Félix d’Henin de Cuvillers, um francês interessado no papel da sugestão na mente e nos processos mentais e comportamentais que aconteciam quando alguém entrava em transe hipnótico. Outras fontes sugerem que foi o cirurgião escocês Dr. James Braid quem cunhou o termo.

No entanto, o conceito do transe hipnóticos nasceu antes, no século XVIII, com o notório físico alemão Franz Mesmer que afirmou poder mostrar a existência de algo que ele chamou de “magnetismo animal”, que é um fluido invisível que “flui” entre pessoas, animais, plantas e coisas, e que pode ser manipulado para influenciar o comportamento das pessoas.

As falsas práticas do Franz Mesmer deram um mau começo à hipnose, mas o interesse pelo seu potencial persistiu na esfera médica. Nos séculos XX e XXI, a hipnose continuou a ser explorada, e os especialistas adquiriram uma melhor compreensão do que é e como às vezes pode ser aproveitada para trazer benefícios para a saúde.

 

O que é a hipnose?
A hipnose é uma espécie de regulação de cima para baixo da consciência, um processo no qual “representações mentais se sobrepõem à fisiologia, percepção e comportamento”, segundo uma publicação na revista Neuroscience and Biobehavioral Reviews.

A hipnose envolve dois elementos principais: indução e sugestão. A indução hipnótica é a primeira sugestão apresentada durante o processo de hipnose. A sugestão é tipicamente expressa como um problema que provoca respostas aparentemente involuntárias dos pacientes, que não acreditam ter muito, ou nenhum, controle sobre a situação.

Algumas pessoas também são mais “sugestionáveis” do que outras, e o cientistas descobriram que as pessoas altamente sugestionáveis têm mais probabilidade de ter um senso de controle enquanto estão sob hipnose. A sugestionabilidade hipnótica foi identificada como “a capacidade de experimentar alterações sugeridas em fisiologia, sensações, emoções, pensamentos ou comportamento”.

Técnicas de neuroimagiologia mostraram que as pessoas altamente sugestionáveis exibem níveis mais altos de actividade no córtex pré-frontal, no córtex cingulado anterior e nas redes parietais do cérebro durante diferentes fases da hipnose.

Estas são áreas do cérebro envolvidas numa série de funções complexas, incluindo memória e percepção, processamento de emoções e aprendizagem de tarefas. No entanto, os mecanismos cerebrais específicos envolvidos na hipnose ainda não são claros, embora os cientistas estejam a começar a descobrir o perfil neuro-cognitivo desse processo.

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Hipnose e cognição
Vários estudos ligam a hipnose especificamente a processos cognitivos e a descrevem como “um fenómeno que envolve concentração receptiva atenta”. Algumas evidências apontam para o papel da hipnose no controle da atenção selectiva.

A relação entre hipnose e estados de atenção é reforçada pelos resultados de experiências passadas, nas quais a sugestão hipnótica foi usada para alterar diferentes tipos de percepção. Por exemplo, a sugestão tem sido utilizada para induzir a agnosia, que é um estado em que o cérebro pode perceber, mas é incapaz de reconhecer vários estímulos externos. Outras experiências empregam sugestões para manipular o processamento visuoespacial, que é a capacidade do cérebro identificar objectos no espaço e reconhecer formas.

Tais efeitos muitas vezes tornam a hipnose uma atracção, e quando tratada como um truque de magia, provoca risos e suspiros emocionados. No entanto, a prática da hipnose tem ocasionalmente atraído um tipo diferente de atenção, quando as acrobacias de “hipnotizadores” amadores parecem ter resultados trágicos.

 

Regressão: Memórias esquecidas há muito tempo ou simplesmente falsas?

Outro uso intenso da hipnose é o da regressão hipnótica. “Regressão terapêutica”, é um método que afirma descobrir memórias reprimidas de uma pessoas – frequentemente de abuso e trauma – que é uma forma de psicanálise integrando técnicas de hipnose.

Os estudos existentes sugerem que a sugestão hipnótica pode ser eficaz em induzir memórias falsas e convencer os individuos da veracidade dessas lembranças falsas. Tais descobertas lançam uma luz negativa sobre as alegações da regressão passada e sobre as memórias assim recuperadas. Existem outros estudos que trazem evidências em favor da alegação de que a hipnose pode melhorar a memória, mas o nível de melhoria pode depender das expectativas individuais.

Usos da hipnoterapia
O potencial da hipnose para modificar a percepção é também o que a torna particularmente apropriada como abordagem de medicina complementar.

A hipnoterapia é utilizada actualmente, tanto nos EUA como na Europa, para aliviar vários problemas médicos e ajudar as pessoas a abandonar hábitos negativos que podem ter um impacto sérios na sua saúde.

Vamos conhecer alguns casos em que a hipnoterapia foi considerada útil:

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Síndrome do intestino irritável
Estudos sugeriram que a hipnose pode aliviar os sintomas da síndrome do intestino irritável a curto prazo, embora a eficácia a longo prazo ainda não tenha sido testada de forma conclusiva.

Insónia e distúrbios do sono
A hipnose pode ajudar a controlar a insónia, os pesadelos e os terrores nocturnos (que tendem a afectar crianças entre os 7 e 12 anos), bem como alguns distúrbios do sono mais comuns, como o sonambulismo. Técnicas de relaxamento e autocontrole são utilizadas para controlar estes problemas.

Enxaqueca
Alguns estudos sugerem que a hipnose pode ser eficaz no tratamento de enxaquecas e dores de cabeça, e pode ser um tratamento alternativo desejável, graças à falta de efeitos colaterais.

Controle da dor
A hipnose pode ter efeitos analgésicos no caso de dor clínica aguda, que geralmente significa dor resultante de procedimentos cirúrgicos. alguns estudos também indicam que a hipnose pode ajudar as mulheres a controlar a dor do parto.

Parar de fumar
Existem estudos que sugerem que a hipnoterapia pode ajudar as pessoas que querem deixar de fumar, especialmente se combinadas com outros métodos de tratamento.

Apesar do facto de que a prática de hipnose existem há mais de 200 anos, muitos dos seus mecanismos permanecem misteriosos. Ainda pode haver algum caminho a percorrer, até que entendamos completamente essa técnica intrigante chamada “hipnose”.

 

 

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rickyunic

Um projecto com mais de 19 anos, onde apresento e abordo assuntos que me interessam a cada momento da vida. Desde humor, a saúde, passando pela tecnologia, a sexualidade e a espiritualidade. Tudo é válido neste espaço. Conto consigo para passar um bom momento a dois. Peace and Love. Carpe diem. Namastê.

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